A escritora canadense Alice Munro foi anunciada nesta quinta-feira, 10 de outubro, como a vencedora do Prêmio Nobel de Literatura por seus contos centrados nas fraquezas da condição humana. Alice Munro, que estava na lista de favoritos, é a primeira pessoa de nacionalidade canadense e a 13ª mulher a receber o Prêmio Nobel de Literatura desde 1901.
O júri considerou Munro uma “mestra da narrativa breve contemporânea” e elogiou “sua sutil narrativa, que se caracteriza pela clareza e o realismo psicológico”. Alguns críticos chamam Alice Munro de ‘Chekhov canadense’, em referência ao escritor russo Anton Chekhov.
Esta é primeira vez, em 112 anos, que a academia sueca premia um autor que escreve apenas contos. A escritora canadense receberá oito milhões de coroas suecas (1,24 milhão de dólares ou 915 mil euros). Agora, a idade é o principal obstáculo para Munro. Ela afirmou que não pensa mais em escrever. “Já estou bastante velha”, disse.
A cerimônia de entrega acontecerá em Estocolmo, no dia 10 de dezembro, aniversário da morte do fundador do prêmio, Alfred Nobel. Em 2012, o Nobel de Literatura foi vencido pelo romancista chinês Mo Yan.
Fugitiva
(Editora Companhia das Letras)
Os oito contos reunidos em Fugitiva apresentam mulheres às voltas com seu passado. Alice Munro consegue captar, seja nos momentos decisivos de uma vida, seja nos episódios cotidianos, as tragédias mais profundas que movem suas personagens. A partir de escolhas erradas, descobertas súbitas e armadilhas da sorte, essas mulheres encaram suas mentiras – as que lhes foram contadas, as que elas contaram aos outros e aquelas com que buscaram enganar a si mesmas. Das vastas e desoladas paisagens canadenses, surge uma literatura forte, pungente. Talvez pela adversidade do meio, as relações pessoais ganham mais força e as trivialidades, contornos mais trágicos. Munro procura descrever toda a pluralidade do amor, desde o que leva uma jovem mulher ao encontro de um homem que só viu uma vez, até o que faz uma mãe buscar a filha que havia dado para adoção, passando pela paixão mais arrebatadora e, paradoxalmente, mais carregada de lucidez. Não se trata, porém, de um desfilar histérico de mulheres desesperadas; a humanidade profunda e esperançosa das personagens de Munro faz com que, desvendando a elas, compreendamos a nós mesmos.
Felicidade demais
(Editora Companhia das Letras)
(Editora Companhia das Letras)
‘Felicidade demais’ reúne dez contos de Alice Munro, protagonizados por personagens femininas que vivem situações de grande sedução e violência. São mulheres de idades e ocupações diversas, mas todas elas, a certa altura da vida, deparam com acontecimentos que mudam o rumo de suas vidas. O conto que dá título ao livro é um relato de ficção inspirado em uma personagem real – a russa Sophia Kovalevsky, que viveu na segunda metade do século XIX e destacou-se pelo pioneirismo na matemática. A narrativa se concentra nos dias que antecedem a morte de Sophia, com flashbacks para contar seus envolvimentos amorosos e sua relação com a família da irmã, casada com um revolucionário da Comuna de Paris. Nos contos da autora, camadas narrativas se sobrepõem, o passado e a memória atuam no presente e conduzem a situações limite.
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